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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Começar um novo ano não dá medo. O que dá medo é começar uma nova vida. Olhar para trás não assusta. O que assusta é olhar para frente... Andar não dói... o doloroso é se movimentar. O que nem sempre se pode fazer...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Parada lá, onde sempre ia, quase pude tocar as lembranças. Quase vi uma silhueta conhecida chegando. Quase me entreguei à antiga rotina. Aquela cidade ainda era igual. 2 anos voaram. 2 anos se perderam. Mas nenhum minuto pareceu ter passado. As ruas ainda estavam lá. O mesmo ônibus ainda transitava. O mesmo sentimento de não fazer parte daquilo ainda me dominava. Não houve estranheza. Foi mesmo como se o tempo tivesse parado. O conjunto era o conhecido. Os caminhos davam para onde sempre deram. Não compreendi os sentimentos. Nem ainda posso. Porque nada havia mudado. Nem mesmo a latinha que você deixou no ponto de ônibus. Ela ainda estava lá...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Se sentou na varanda. Olhou a noite. Aquela noite quente do Rio de Janeiro. A fumaça do cigarro concretizou a névoa que já estava em seu interior. Os pés descalços no chão de mármore frio. O chão. Bela ironia. Os minutos largos se passaram depressa. O cigarro viciante se acabou depressa. Seu único momento, se acabou depressa. Se levantou e entrou, no ar condicionado frio da sala. Mais uma vez, o frio. Mais uma vez.

Marina Borges de Carvalho

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

E então ele a olhou. Não porque quis, não houve intenção. Mas durante aqueles segundos, ele pensou numa vida diferente. No que teria acontecido. Pensou em como ela sorria quando estava disfarçando, e como ela gargalhava, quando estava feliz. No seu jeito desajeitado de dizer uma verdade doída e em sua firmeza para ser indiferente. Se lembrou da primeira vez que a viu e da primeira vez que ela foi embora. Quis se deixar cair em seus braços. Quis respirar de alívio. Quis, por alguns instantes, ser seu. Os segundos do olhar acidental se acabaram. Eles seguiram seus caminhos. Mas em algum lugar de seu coração, ele soube que poderia tê-la amado.

Marina Borges de Carvalho

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Olho em volta. Tudo igual. O sofá, da mesma cor. A TV desligada. Na varanda... algumas gotas de chuva. Então está chovendo. Deve estar. Na minha garganta mora um nó. Eu me esqueci como é. Como era mesmo o gosto da comida que você fazia? Como era mesmo a música que você cantava? Quando foi que tudo mudou? Quando foi que tudo aconteceu? Eu era muito criança e não percebi? Eu não te dei a mão firme? Me esqueci como é. Como é ir para sua cama depois de um pesadelo. Como é ver um filme no domingo. Como é mesmo? Eu me esqueci de viver a minha infância e aproveitar cada momento. Eu me esqueci.... como é mesmo viver sem medo? Como é não ter pavor? Está tudo igual do lado de fora. O sofá, da mesma cor. A TV desligada e na varanda algumas gotas de chuva. Está chovendo.

Marina Borges de Carvalho

domingo, 25 de outubro de 2009

Não era porque minha alma se debatia. Era porque eu já não sentia mais meu coração pulsar. De todas as dores, a única que fazia parte, era aquela. De todas as rotinas... era a única que eu não conseguia me adaptar. Porque a indiferença me incomodava. Porque as lágrimas haviam secado. Porque o mundo ainda era mundo e porque não existia razão para desespero. Nem para agonia. Havia sim, para sentar na varanda e perceber. Internalizar mais. Sem explicações. Sem lágrimas. Assim por assim. Por assim...

Marina Borges de Carvalho