Olho em volta. Tudo igual. O sofá, da mesma cor. A TV desligada. Na varanda... algumas gotas de chuva. Então está chovendo. Deve estar. Na minha garganta mora um nó. Eu me esqueci como é. Como era mesmo o gosto da comida que você fazia? Como era mesmo a música que você cantava? Quando foi que tudo mudou? Quando foi que tudo aconteceu? Eu era muito criança e não percebi? Eu não te dei a mão firme? Me esqueci como é. Como é ir para sua cama depois de um pesadelo. Como é ver um filme no domingo. Como é mesmo? Eu me esqueci de viver a minha infância e aproveitar cada momento. Eu me esqueci.... como é mesmo viver sem medo? Como é não ter pavor? Está tudo igual do lado de fora. O sofá, da mesma cor. A TV desligada e na varanda algumas gotas de chuva. Está chovendo.
Marina Borges de Carvalho
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
domingo, 25 de outubro de 2009
Não era porque minha alma se debatia. Era porque eu já não sentia mais meu coração pulsar. De todas as dores, a única que fazia parte, era aquela. De todas as rotinas... era a única que eu não conseguia me adaptar. Porque a indiferença me incomodava. Porque as lágrimas haviam secado. Porque o mundo ainda era mundo e porque não existia razão para desespero. Nem para agonia. Havia sim, para sentar na varanda e perceber. Internalizar mais. Sem explicações. Sem lágrimas. Assim por assim. Por assim...
Marina Borges de Carvalho
Marina Borges de Carvalho
Assinar:
Postagens (Atom)