Babies


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domingo, 12 de setembro de 2010

Uma vontade quase estranha de se colocar em frente ao papel e escrever. Escrever para entender a vida. Para entendê-la de uma forma diferente. Dentro dela havia uma força, uma sede, uma fome de algo. Conhecer tudo. Cada detalhe, explicar todos os porquês. As respostam não geravam nela nada mais que paixão. As perguntas, sim, eram seu problema. As perguntas se confundiam, se misturavam, se perdiam. Mas de uma certa maneira, não haveria porque achá-las. Elas eram o combustível. Perguntar fazia dela quem ela era. A eterna ignorância culta. A eterna vontade de colocar nome, de encaixar palavras, de propor enigmas. Enigmas? Enigma talvez seja uma palavra errada. Mas era de palavras erradas que se fazia um texto. Um texto nada mais é que a busca incontrolável de acertos. Uma procura. Sentia que se abrisse os braços e fechasse os olhos sairia de dentro uma luz forte. Uma força enorme. Um brilho inexplicável. Mas não o fazia. Não porque não houvesse vontade. Mas sim, para que a vontade crescesse, para que depois de tudo, depois de todos os caminhos internos, de todas as proposições literais e viscerais, pudesse, enfim, descansar. Um descanso desperto. Acordado. Uma pausa. Claro que sim, porque ela não estava em busca da conclusão. Ela procurava procurar. Porque procurar procurar fazia dela um vulcão. Um vulcão que se movia e removia com o objetivo de entrar em erupção. E quando entrasse, poderia descansar. Só um instante. Só um momento. Uma eternidade passageira. A concentração necessária para adquirir forças e recomeçar.